O longa busca retratar a história real da escritora francesa Sidonie Gabrielle Colette, famosa por escrever vários best-sellers. A protagonista é vivida pela atriz Keira Knightley e a direção é de Wash Westmoreland. O foco do filme recai no relacionamento abusivo que ela vivia com seu marido Willy (Dominic West), um escritor acostumado a pagar ghost writers para escreverem em seu nome. Em determinado momento, ele percebe que sua esposa possui talento para a escrita e passa a explorá-la, sendo que tudo o que ela escrevia era publicado em nome do marido e ele obtinha a fama. Além da questão profissional, há também um abuso sexual, pois ele a traía constantemente e, quando percebe a bissexualidade da esposa, a incentiva a sair com outras mulheres como forma de a agradar para que ela continue escrevendo em nome dele. Aos poucos, Colette começa a perceber o absurdo da situação em que se encontra e começa a se libertar, gerando várias crises em sua vida pessoal.
A temática lembra muito a de outro filme também baseado em fatos reais, Grandes olhos, em que a esposa pinta quadros, mas assina o nome do marido. O fato de ambos serem baseados em histórias reais nos faz refletir sobre o tamanho do talento das mulheres e o machismo inserido na sociedade ao não aceitar que uma mulher possa ter destaque na área que for. Elas só conseguem em um primeiro momento mostrar publicamente seu talento se a assinatura da obra for de um homem. Em vários momentos, os personagens do filme afirmam que mulheres não podem escrever romances e ficarem famosas, só os homens. Os maridos, ao perceberem o talento das esposas, acabam tirando proveito em benefício próprio, buscando a própria fama. E esses casos são as exceções, em que os maridos ainda reconhecem o talento. Infelizmente quantas mulheres geniais não foram caladas ao longo da história e impedidas de exercer aquilo que faziam melhor.
Infelizmente, o que está por trás da postura desse marido é a visão cultural de que o respeito é garantido apenas se o marido tiver um trabalho melhor, ganhar mais dinheiro, for visto como mais inteligente e obtiver mais sucesso. O orgulho e a vaidade masculina, associados ao medo de perder o “respeito”, fazem com que os maridos calem suas mulheres ou usem o talento delas em benefício próprio. A Bíblia define um conceito de autoridade e liderança masculina (Filipenses 5:22-24), mas em nenhum momento relaciona isso ao nível intelectual, dinheiro ou reconhecimento popular. O respeito é inato, não se compra. Um marido que é respeitado só porque ganha mais, por exemplo, não é respeitado de fato, pois respeito não é mercadoria. Os homens não deveriam ter medo de perder espaço, posição e respeito pelo fato de suas esposas serem inteligentes, talentosas e capazes. Pelo contrário, deveriam ter o prazer de ver suas esposas crescerem cada vez mais e brilharem, pois, segundo a Palavra de Deus, o homem deve amar sua esposa como Cristo amou a igreja”. Jesus quer nosso bem, quer nos ver crescer tanto que nos garantiu um lugar de glória ao seu lado e um corpo glorificado igual ao dele (Filipenses 3:21). Que os maridos possam ter essa postura com relação às suas esposas.
Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. (Efésios 5:25-28)
Um comentário em “Colette”