As Viúvas

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As Viúvas é o novo filme dirigido por Steve McQueen e conta com um elenco estrelado, como Viola Davis, Michelle Rodriguez, Elizabeth Debicki, Carrie Coon, Liam Neeson, Robert Duvall, Colin Farrell e Daniel Kaluuya. O roteiro assinado pelo próprio Steve McQueen juntamente com Guillian Flynn é bastante complexo apontando em várias direções. Ele lida com diversas tramas paralelas e situações sociais da cidade de Chicago sem se perder. As narrativas e tensões sociais funcionam como camadas da trama principal e formam um cenário social complexo, onde não há divisão entre bons e maus, nem pessoas inocentes. O longa se inicia com a morte de uma gangue que praticava assaltos há décadas. O foco recai nas viúvas que precisarão reconstruir suas vidas lidando com a falta de sustento e situações pendentes no mundo do crime deixadas pelos maridos.

Enquanto as viúvas, lideradas por Viola Davis, acabam entrando também no mundo do crime para resolver seus problemas, um grande emaranhado de situações sociais é detalhado na tela. Vemos uma disputa eleitoral em andamento pelo controle da cidade. De um lado, o filho de uma família tradicional branca corrupta que tem ganhado as eleições e governado a cidade há décadas. De outro, um negro líder de uma grande facção criminosa ultraviolenta que busca pela primeira vez vencer a eleição para conquistar o respeito da comunidade, algo que ainda não havia conseguido pela violência e pelo dinheiro. O que a princípio parece ser apenas um conflito racial é também uma disputa criminal por território. Na família tradicional que domina a cidade, vemos também um conflito de gerações. O filho que está concorrendo odeia política e está buscando uma nova forma de governar, não melhor nem pior, apenas diferente. Isso o coloca em confronto direto com seu próprio pai. O conflito entre sexos também é bem marcado ao longo de toda a trama. As esposas eram subjugadas cada uma de uma forma, sendo, de uma forma ou de outra, dependentes do dinheiro sujo dos maridos. Uma vez que decidem ser protagonistas, acabam enfrentando a dificuldade imposta às mulheres quando tentam se estabelecer na sociedade em geral, tudo isso ainda cuidando de filhos. Em todos os momentos elas são menosprezadas pelo simples fato de serem mulheres.

Podemos classificar o longa como um drama, uma história sufocante onde pessoas oprimidas tentam encontrar paz em um mundo perdido, marcado pelo mal. Não há lugar para onde correr, não se pode confiar em ninguém, nem em amigos, nem em parentes, muito menos em políticos, por mais sinceros que possam parecer. Não há mocinhos nem “cidadãos de bem”. Todos, de uma forma ou de outra, estão envolvidos ou com a mentira, ou com o suborno e corrupção, ou com a violência, assassinatos ou a opressão em geral. A maneira encontrada pelas viúvas para conseguir continuar vivendo foi aprender a duras penas a praticar um crime da mesma proporção dos crimes de seus maridos para assim conseguir o dinheiro que precisavam.

Ao ver o filme, fiquei com a mesma sensação do salmista, repetida pelo apóstolo Paulo, ao afirmar que quando Deus olha para nós percebe que “todos se extraviaram, não há quem faça o bem, não há um sequer” (Salmo 14:3, Romanos 3:10). De fato, se analisarmos bem as pessoas e as situações veremos que o mundo é mau de tal forma que em muitas circunstâncias não há saída para nossos problemas, não há em quem confiar. Todos estão corrompidos. As mulheres do filme, ao perceberem isso, resolveram agir com violência praticando atos contra a lei, expondo ao perigo a si próprias e aos filhos. Podemos imaginar como essa solução pode acabar na vida real: geralmente em mais tragédia. O filme deixa implícito que havia outras formas de tentar resolver alguns problemas, mas elas optaram pelo crime. De fato, parece impossível viver nesse mundo sem se unir aos malfeitores ou lutar contra eles com as mesmas armas sujas. No entanto, manter a honestidade de caráter e buscar a paz é a atitude da pessoa que possui fé em Deus. Ele é capaz de nos livrar das situações mais terríveis de acordo com a sua vontade. Lembro de alguns salmos de Davi, alguém que em muitos momentos foi cercado por pessoas malignas e confiou em Deus, como descrito, por exemplo, em Salmos 28, 56, 31. A confiança no poder de Deus é fundamental para continuarmos vivendo em meio ao caos desse mundo. O Novo Testamento também afirma constantemente que precisamos confiar em Deus (Marcos 9:23, Lucas 18:27, 1 João 5:14), pois somos filhos dele através de Cristo. Por isso, ao lidarmos com inimigos, situações de perigo e ameaças à nossa integridade, precisamos perseverar nos caminhos do Senhor e confiar que ele está cuidando de nós.

“Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31)

“Eu digo isso para que, por estarem unidos comigo, vocês tenham paz. No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo.” (João 16:33)

“[…] sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1:3,4)

 

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