Hotel Artemis

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Hotel Artemis é um filme curto com ótimos atores e um enredo pouco convencional. Jodie Foster, Sterling K. Brown, Sofia Boutella, Jeff Goldblum, Zachary Quinto, entre outros, estão presentes nesse longa, sendo Jodie Foster o grande destaque fazendo o papel de uma enfermeira idosa com trejeitos muito engraçados que, na verdade, é a única médica do lugar. A trama é muito simples. O Hotel Artemis é uma espécie de hospital futurista para criminosos que pagam a mensalidade. Lá é um local neutro, não pode haver agressão, e eles são tratados pela enfermeira que utiliza uma tecnologia de ponta. (O local lembra muito o Hotel Continental do filme John Wick 2). A história ocorre em um futuro distópico, onde a água foi privatizada e por conta disso há uma convulsão social na rua com uma grande manifestação popular tornando-se uma guerra civil. Por mais que dentro do hotel pareça um dia normal como outro qualquer, os eventos que ocorrerão vão abalar toda a estrutura que parecia intocável.

Para que tudo ocorra bem no Hotel Artemis, algumas regras precisam ser muito rígidas: apenas membros entram; não é permitida qualquer agressão, ameaça ou assassinato lá dentro; é vetada a entrada de policiais ou qualquer representante da lei; a enfermeira é a maior autoridade lá dentro e ninguém pode desrespeitar sua palavra. No entanto, o filme mostra um momento atípico e essas regras acabam sendo relativizadas gradativamente. Entre os hóspedes há alguém com a missão de matar outro hóspede; os hóspedes acabam se agredindo; a enfermeira acaba deixando uma policial ferida entrar por motivos pessoais e sua autoridade acaba sendo questionada.

Do lado de fora do hotel, as regras da sociedade organizada tornaram o mundo um lugar pior, e por isso está havendo uma rebelião. Do lado de dentro, o crime organizado está também se desorganizando. Isso mostra que as regras em todas as formas de sociedade, por mais sensatas e rígidas que possam ser, acabam sendo respeitadas até a página dois. Em momentos de crise e desespero, bem como em momentos onde a emoção está em jogo, as regras acabam sendo relativizadas ou burladas. Às vezes elas são burladas por ódio ou raiva; mas às vezes elas são burladas para salvar uma vida. O ser humano acaba sendo mais importante do que qualquer regra que possamos criar.

As regras existem para facilitar nossa vida e não para serem um fim em si mesmas. Lembro de Cristo, que veio para cumprir a Lei (Mateus 5:17), mas nos ajudou a compreender que a Lei existe para o ser humano e não o contrário. Ele relativizou todo o tempo a interpretação que os religiosos tinham da Lei de Moisés. Andava com leprosos e pecadores, participou da festa de corruptos, não cumpria o ritual de purificação previsto e não guardou o sábado como era ensinado na época (Mateus 12, Lucas 5:29-32; 7:34). Ou seja, para o Mestre, o ser humano está acima da letra da Lei. Somos ensinados na Bíblia que devemos seguir a Lei dos homens, mas nos opor a ela se for contrária à vontade de Deus. Aprendemos também que a própria Lei da Bíblia serviu em primeiro lugar para nos mostrar que não conseguimos sozinhos, mas precisamos de um salvador. Em segundo lugar ela agora é um parâmetro para sabermos o que agrada a Deus, mas sempre sob a interpretação de Jesus, que sempre abriu exceções pelo ser humano. Que tenhamos sabedoria para priorizar sempre as pessoas, amar e servi-las.

E Jesus terminou:

— O sábado foi feito para servir as pessoas, e não as pessoas para servirem o sábado (Marcos 2:27)

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