Meu ex é um espião é um filme com protagonistas femininas e dirigido por uma mulher (Susanna Fogel), que também é co-autora do roteiro. Esses elementos transformam uma comédia que tinha tudo para ser mais do mesmo em um filme muito criativo, inusitado e extremamente engraçado. Por se tratar do universo feminino, os diálogos, as ações, as estratégias e as reviravoltas são um pouco diferentes do que estamos acostumados a ver em filmes de Hollyhood, fazendo com que o filme seja diversão garantida para todos.
No longa, a atriz Mila Kunis interpreta o papel de Audrey, uma mulher de 30 anos confusa e sem perspectiva de vida que acaba namorando um homem misterioso. Após o término do namoro, ela acaba descobrindo que o ex era, na verdade, um espião da CIA. Agora, sem querer, ela está envolvida em uma trama que a levará a uma missão de fuga por vários países da Europa. Ao lado de sua melhor amiga Morgan (Kate McKinnon), ela viverá diversas aventuras hilárias para salvar sua vida e para encontrar seu propósito no mundo.
Qual nosso papel no mundo? Essa é a crise da protagonista do filme e a crise de boa parte dos adultos atualmente. Ela se interessou por muitas coisas ao longo da vida, mas nunca terminou nada, era uma mulher apática. O filme revela que, no fundo, seu problema era falta de confiança em si mesma. Ela e sua amiga acabam encontrando o gosto pela vida ao serem lançadas em meio a um conflito e precisarem recorrer a talentos naturais que nem sabiam que existiam para sobreviver. Como o filme é uma comédia de ação, elas acabam percebendo que possuem vocação para agentes secretas.
Na vida real, o tempo passando cada vez mais rápido e, com ele, nossa vida, ficamos com a sensação de que não estamos fazendo o que deveríamos; ou que estamos fazendo pouco; ou até mesmo de que não descobrimos ainda o que deveríamos fazer. O filme faz um alerta de que uma das razões para isso estar acontecendo possa ser a falta de confiança em nós mesmos. Não tentamos porque achamos que não vamos conseguir, desistimos porque pensamos que não é para nós. Quantos, por causa da baixa autoestima, acabam desistindo da faculdade, rejeitando um emprego ou nem se candidatando a uma vaga ou até mesmo fugindo de relacionamentos. A vida não é um filme, e pode ser que não passemos por uma experiência como a delas para descobrir magicamente que somos capazes e tomarmos a iniciativa. Creio que Deus nos criou e nos concedeu talentos e dons (Romanos 12:6). Todo mundo é bom em algo e pode servir à sociedade em algum aspecto (1 Pedro 4:10). Não precisamos de fama ou de poder para fazer a diferença. Basta fazermos bem o que sabemos, com coragem e convicção (Romanos 8:15, Filipenses 1:28).
No filme, a amizade foi o fator fundamental para a redenção das personagens. As duas protagonistas são melhores amigas e nada pode abalar isso. O apoio da amiga, as palavras de confiança e sua companhia foram fatores essenciais para Audrey resistir às pressões e virar o jogo. Relacionamentos não são fáceis e sua melhor amiga Morgan era uma pessoa bem complicada, mas a persistência na amizade trouxe a vitória. As pessoas que nos conhecem de verdade reconhecem nossas qualidades e certamente, em momentos de incerteza, nos encorajam a persistirmos em nossos ideais. Ter bons amigos e estar cercado de pessoas de confiança pode ser um bom começo para encontrarmos a coragem de enfrentar o mundo e confiarmos em nós mesmos.
É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se! (Eclesiastes 4:9-10)
Perfume e incenso trazem alegria ao coração; do conselho sincero do homem nasce uma bela amizade. Não abandone o seu amigo nem o amigo de seu pai; quando for atingido pela adversidade não vá para a casa de seu irmão; melhor é o vizinho próximo do que o irmão distante. (Provérbios 27:9-10)