O Protetor 2 é a sequência do primeiro filme (The equalizer) , de 2014, que por sua vez é baseado na série de televisão da década de 80. Neste filme, vemos novamente Denzel Washington no papel do ex-agente especial Robert McCall. Ele é um homem que abandonou seu trabalho por um trauma pessoal, mas continua utilizando todas as habilidades especiais que aprendeu com o tempo de serviço para ajudar quem está ao seu redor, mesmo de forma secreta.
Novamente com a direção de Antoine Fuqua, o longa consegue cumprir bem o papel de um bom filme de ação. A trama, apesar de previsível em alguns pontos, é bem construída. Há bons momentos de suspense, bem como boas cenas de luta. A ação é bem mesclada com momentos dramáticos protagonizados por um bom elenco. Denzel faz a diferença como protagonista, sua presença em cena é o que mantém o expectador envolvido com a trama do começo ao fim, torcendo por seu personagem, mas ao mesmo tempo seguro de que ele é infalível. Um aspecto que me chamou a atenção foi a maneira como os relacionamentos do personagem são construídos ao longo da trama. Há algumas histórias paralelas com as quais o protagonista está lidando, histórias até mesmo mais aprofundadas do que a sua própria. Vale a pena conferir o filme, diversão garantida.
Novamente, estamos diante da temática do justiceiro ou do vigilante. Alguém corajoso e hábil que resolve cuidar do mundo à sua maneira, uma vez que as autoridades não são capazes de fazer seu papel ou até mesmo são parte do problema. Ouso dizer que sem a figura do justiceiro ou a do vingador praticamente não haveria filmes de ação e a história do cinema estaria comprometida. Apreciamos esses filmes, torcemos pelo herói, vibramos quando um bandido é preso, agredido, torturado e até mesmo morto. Precisamos de personagens como o ex-agente especial Robert McCall porque não vemos justiça na vida real. Torcemos para que existam pessoas como ele, que possam nos ajudar e ajudar a humanidade a lidar com as violências que nos cercam.
Robert McCall se comporta como o anjo vingador, alguém imune à maldade do mundo, com sabedoria e perspicácia para perceber exatamente quem é bom e quem é mal, e qual é o castigo que cada um merece. Ele não erra; percebe qualquer nuance e está sempre pronto para ajudar quem precisa e punir quem merece. Não podemos esquecer, porém, que isso funciona muito bem apenas na ficção. Não existe nem nunca existiu um ser humano completamente justo, com exceção a Jesus Cristo. Todos nós estamos sujeitos a erros de julgamento, não somos infalíveis. Minha crítica àqueles que teimam em fazer justiça com as próprias mãos na vida real e buscam vingadores é justamente essa: sempre haverá erros graves, que podem levar ao sofrimento e à morte de inocentes. Se o sistema de justiça de todos os países, com todo o aparato técnico possível, comete injustiças terríveis, imagine uma pessoa sozinha, ou um grupo, contando apenas com a própria intuição e motivado pela raiva. Constantemente ouvimos sobre vinganças desmedidas e pessoas assassinadas porque foram confundidas com outras, ou porque estavam “no lugar errado na hora errada”. Lemos também sobre inocentes que foram linchados em praça pública e apenas depois de sua morte a inocência ficou provada. Também lemos nas páginas da História milhares torturados e mortos por questões políticas das mais variadas vertentes, bem como questões religiosas. Tudo em nome da ordem, da justiça, da paz.
O filme nos ensina a olhar a dor do próximo, ser sensível e agir. O protagonista não aceita olhar com distanciamento, ele se envolve na dor do próximo. Mas as verdadeiras armas para a ação não são os punhos ou armas. São atos de amor. No próprio filme, em alguns momentos o protagonista consegue ajudar pessoas com atos de amor, sem violência. Não preciso da vingança para tornar o mundo mais justo. Se eu amar, cuidar, tratar os ferimentos, enxugar as lágrimas, alimentar, vestir, sustentar e abraçar, estou tornando o mundo um lugar muito mais justo do que se apenas estiver preocupado em punir os maus. A Bíblia nos diz que “não devemos nos cansar de fazer o bem” (Gálatas 6:9).
É difícil viver em um mundo injusto, precisamos de salvadores. Mas vamos deixar para a ficção pessoas como Robert McCall. Na vida real, o salvador já veio e prometeu voltar para julgar todos. Ele é o único juiz, o único que vai julgar sem cometer qualquer injustiça. Vivemos em uma sociedade com leis e regras. Vamos deixar as questões de justiça para as autoridades competentes. E, quando elas falharem, como muitas vezes acontece, continuemos confiando que existe o juiz verdadeiro, maior do que todos.
“Meus queridos irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus quem dê o castigo. Pois as Escrituras Sagradas dizem: ‘Eu me vingarei, eu acertarei contas com eles, diz o Senhor.’ Mas façam como dizem as Escrituras: ‘Se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele; se estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará queimar de remorso e vergonha’” (Romanos 12:19,20).