Venom é um filme “divertidinho” que não faz jus a outros filmes de herói como os filmes da saga da Marvel, nem aos filmes sombrios de herói como alguns da DC. O longa fica no meio termo entre ação e comédia e não se destaca em nada. Tom Hardy é Eddie Brock, um repórter investigativo que teve sua carreira e vida pessoal destruídas e em um momento acaba tendo contato com Venom, um alienígena de um grupo de alienígenas que invade seu corpo e passa a viver em simbiose como um parasita (piada repetida exaustivamente no filme). Pode ser uma boa distração e nada mais. O enredo é banal, as cenas de ação deixam a desejar e o roteiro possui vários furos. Tudo é muito acelerado para tentar mostrar como um alienígena que vem à Terra para destruir a humanidade entra em simbiose com um repórter fracassado e em pouquíssimo tempo se arrepende de seus intentos e vai contra seus semelhantes.
Venom é a metáfora do monstro que vive dentro de nós. É uma releitura atual de Jekyll e Hyde. É uma pena que o filme não tenha sido capaz de fazer jus a essa temática. Todos possuímos desejos sanguinários, violentos e mortais. Segundo a Bíblia, isso ocorre porque somos pecadores (Romanos 3:23). Também somos criados à imagem de Deus, por isso temos em nós a bondade de Deus. Mas ao mesmo tempo caímos e seguimos nossos desejos. Cabe a nós lutar constantemente contra essas inclinações e combater o mal que existe dentro de nós.
“Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço. Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz.”(Romanos 7:19,20)
Um ponto importante a destacar é como a simbiose entre humano e alienígena acaba transformando ambos. O repórter fracassado, bêbado e medroso ganha superpoderes, confiança, coragem e esperança de reconquistar sua honra. O monstro devorador de pessoas começa a se afeiçoar pelo ser humano e desiste de seus ideais sanguinários buscando até mesmo se controlar para não cometer mais assassinatos. Ambos atingem o equilíbrio e se ajudam. Assim deveriam ser os relacionamentos entre familiares, amigos, vizinhos, colegas, etc. Pessoas diferentes são obrigadas a conviver diariamente e em geral não são capazes de manter um relacionamento saudável porque se apegam ao que existe de monstruoso no outro. A simbiose que vemos no filme revela que somos transformados quando olhamos para o que existe de melhor no outro e persistimos no relacionamento.
Não é à toa que Deus exige que vivamos em comunidade e nos indica a igreja como um ambiente onde, mesmo sendo totalmente diferentes uns dos outros, precisamos conviver. Essa convivência nos transforma em pessoas melhores.
“Não fiquem irritados uns com os outros e perdoem uns aos outros, caso alguém tenha alguma queixa contra outra pessoa. Assim como o Senhor perdoou vocês, perdoem uns aos outros. E, acima de tudo, tenham amor, pois o amor une perfeitamente todas as coisas. E que a paz que Cristo dá dirija vocês nas suas decisões, pois foi para essa paz que Deus os chamou a fim de formarem um só corpo. E sejam agradecidos.” (Colossenses 3:3-15)