Guerra Infinita

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Somos todos Thanos

Os vilões sempre foram alvo de grande fascínio pelo público. A relação de amor e ódio com os vilões está presente em praticamente todas as grandes sagas de heróis que conhecemos. O que seria de Superman sem Lex Luthor, ou do Batman sem seus vilões complexos e marcantes? O mesmo pode-se dizer das histórias da Marvel.
O que não gostamos de admitir é que às vezes ocorre também, por nossa parte, uma identificação com o vilão, e quando isso acontece, precisamos reavaliar nossas motivações e nossas ações.

Guerra infinita apresenta um vilão por excelência, Thanos. Apresentado pela própria Marvel até agora como o vilão dos vilões, ele é um personagem essencial à narrativa e foi bem aprofundado pelo roteiro. Conhecemos um pouco de seu histórico, mas, principalmente, conhecemos sua base moral, seus valores, seus objetivos. Pregando uma espécie de Lei de Malthus, ele resolve eliminar metade da população do mundo para que a outra metade possa viver bem. Segundo ele, suas intenções são boas e ele está pensando no bem maior. Assim, ele não mede esforços para conquistar o poder necessário para concluir sua missão. Por que ele é um vilão tão bom, tão marcante? Por que mesmo com o filme tendo terminado com a vitória do vilão muitos saíram do cinema radiantes dizendo que foi o melhor filme da franquia até aqui?
Entre outras possibilidades, sugiro a de, em muitos momentos de nossa vida, nos identificamos com o Thanos em alguns aspectos.

• Eu sou o Thanos quando quero provar minhas ideias e meus argumentos a todo custo, pois penso que sei o que é bom e transformo em inimigo quem não pensa como eu. Vivemos em uma época de “senhores da razão” que querem eliminar do mundo quem pensa diferente.

• Eu sou o Thanos quando aceito que a violência é o maior recurso para fazer o bem. Em sua lógica, ele salva metade do mundo matando a outra metade. Resolver problemas com agressão física, verbal ou até mesmo assassinatos tem sido a lógica propagada atualmente em todas as esferas.

• Eu sou Thanos quando afirmo possuir boas intenções para esconder minha ganância, meu desejo pelo poder, pela fama, pela glória. Não é à toa que na narrativa o poder é conquistado com “joias”. Em nossa realidade, todos alegam possuir boas intenções para tudo, no entanto o mundo está cada vez pior. Faça as contas.

• Eu sou o Thanos quando quero crescer na vida e atingir meus objetivos pessoais a qualquer custo, independentemente de quem eu deixe para trás, de quem eu precise passar por cima, magoar, abandonar. A cena em que o vilão precisa matar quem mais ama para conquistar a joia é algo muito recorrente em nossos dias. Quantos não acabam destruindo casamento, abandonando filhos, traindo convicções próprias apenas para conseguir mais dinheiro ou ser promovido no emprego ou atingir o chamado “sucesso profissional”?

Ao final do filme, quando o vilão conquista seus objetivos, não há nenhuma comemoração ou sensação de vitória. Sua reação demonstra até um certo desalento. Para alguns, pode ser a sensação de dever cumprido, ou o fato dele saber que seu sucesso veio com dor. Para mim, a reação de Thanos está relacionada com a falta de saciedade que os ganhos egoístas trazem. “E agora? O que eu faço? Comemoro com quem? Qual o próximo passo?”

Vale a pena ser Thanos? Reflita.

Deixo aqui as palavras do Mestre:

“Então direi mim mesmo: ‘Amigo, você guardou o suficiente para muitos anos. Agora descanse! Coma, beba e alegre-se!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Você morrerá esta noite. E, então, quem ficará com o fruto do seu trabalho?’” (Lucas 12:19,20)

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